Pesquisa avalia a integração das Tecnologias Digitais na Educação Superior

Trabalho de Alessandra Maieski, doutora pela UFMT, analisa o papel dos recursos no processo formativo

Graduada em Pedagogia pela Faculdade Assis Gurgacz (FAG), Alessandra Maieski é mestre e doutora em Educação pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Como bolsista da Fundação, sua pesquisa explorou as Ecologias de Aprendizagem na Educação Superior do Mato Grosso com foco no uso das Tecnologias Digitais.

Sobre o que é a sua pesquisa?
Minha pesquisa investiga como se constituem as Ecologias de Aprendizagem na Educação Superior de Mato Grosso, no contexto do uso das Tecnologias Digitais. Defendo a tese de que, com o uso das Tecnologias Digitais, novos e diversos espaços de ensino-aprendizagem são (re)criados e apropriados pelos sujeitos em formação, estabelecendo dinâmicas que integram as interações sociais, as colaborações e os diálogos, refletindo a construção coletiva do conhecimento em ambientes que transitam entre o presencial e o virtual nos mais diversos ambientes de aprendizagem, sejam eles formais ou informais.

As discussões teóricas da tese perpassam por compreensões sobre a Cultura Digital, Tecnologias Digitais na Educação, Ambientes Virtuais de Aprendizagem, Interação Social e Mediação pedagógica e as Ecologias de Aprendizagem, tema inédito em pesquisas no Brasil. O estudo foi inspirado na metodologia da Etnografia Virtual e, além da revisão documental nos Projetos Pedagógicos dos cursos das instituições, realizei observação nos Ambientes Virtuais de Aprendizagem e entrevista semiestruturada com a Pró-reitoria de Graduação, direção de graduação, coordenações, docentes e estudantes, realizadas on-line, sendo parte delas no metaverso.

Todos esses dados foram analisados a partir de três pilares estruturantes: a interação social e a mediação pedagógica; a circulação de materiais e constituição de saberes; e as lições (re)construídas dentro dessas Ecologias de Aprendizagem. Cada um desses pilares é composto de diversos elementos que os estruturam. Os resultados indicam que superar o uso das Tecnologias Digitais como meras ferramentas é essencial, para daí sim, compreendê-las e planejá-las com intencionalidades no processo formativo. As Tecnologias Digitais podem transformar a maneira como o conhecimento é compartilhado e produzido, promovendo aprendizagens formais e informais de forma colaborativa, flexível e interativa. A pesquisa ainda apresenta recomendações para a integração mais efetiva das Tecnologias Digitais nos processos de ensino-aprendizagem, contribuindo para uma Educação Superior mais dinâmica, participativa e alinhada à Cultura Digital.

O que você destacaria de mais relevante na sua pesquisa?
Apresento três aspectos relevantes na minha pesquisa. O primeiro, perpassa pela ideia de superação do uso das Tecnologias Digitais de forma instrumental e tecnocêntrica, como meras ferramentas de apoio docente, mas de fato, compreendê-las criticamente e planejar o seu uso com intencionalidade, explorando-as como recursos potencializadores do processo formativo.

O segundo aspecto que destaco como relevante é a compreensão das Ecologias de Aprendizagem em uma perspectiva integradora, como elementos catalizadores para aprendizagens em rede e coletivas, em espaço e tempo diversos. Esse processo enseja tanto aprendizagens formais quanto informais, por meio de atividades, recursos, relações e interações em rede. Ou seja, está relacionado aos ‘trânsitos’ entre o virtual e o que não está nele, convergindo em um importante marco de análise sobre as formas e dinâmicas nas quais diferentes sujeitos, em coletividade, organizam e se organizam para aprender.

O terceiro aspecto que destaco são as recomendações propostas na tese, para que toda a ambiência acadêmica, perpassando deste a gestão, coordenação, docentes até os estudantes, seja pensada e implementada de forma a integrar efetivamente as Tecnologias Digitais nos espaços formativos, contribuindo assim para uma formação mais dinâmica, interativa, colaborativa e alinhada à Cultura Digital.

De que forma a sua pesquisa pode contribuir para a sociedade?
Minha pesquisa contribui para a sociedade ao possibilitar reflexões sobre a integração das Tecnologias Digitais na Educação Superior, indo além do uso instrumental e tecnocêntrico, explorando seu potencial para transformar e dinamizar as práticas pedagógicas. Ao compreender que as Ecologias de Aprendizagem se constituem em ambientes dinâmicos e interconectados, minha pesquisa evidencia como diferentes sujeitos constroem conhecimento em rede, promovendo uma formação mais colaborativa, interativa, participativa, dialógica e crítica, alinhada à Cultura Digital.

Imagem: Pesquisa avalia a integração das Tecnologias Digitais na Educação Superior (Arquivo pessoal)
Imagem: Pesquisa avalia a integração das Tecnologias Digitais na Educação Superior (Arquivo pessoal)
Além disso, as recomendações propostas podem incentivar instituições, gestores, coordenadores de curso, docentes e estudantes na constituição de estratégias mais efetivas e críticas para o uso das Tecnologias Digitais nos processos formativos, especialmente em tempos de Inteligência Artificial. Isso pode promover uma educação mais acessível, flexível, dinâmica e significativa, conectada à realidade dos estudantes.

De que forma a bolsa da CAPES contribui para a sua formação?
A bolsa da CAPES não só contribuiu para o meu crescimento acadêmico e profissional, mas também ampliou minha visão sobre a importância da pesquisa colaborativa e da troca constante de saberes. Ela foi fundamental para a minha formação como pesquisadora, permitindo-me não apenas avançar nos estudos, mas também contribuir para o desenvolvimento do ensino e da pesquisa.  Proporcionou, ainda, as condições necessárias para dedicação integral às atividades do programa e à pesquisa. Esse suporte garantiu o avanço do meu estudo e participação ativa em eventos científicos nacionais e internacionais, além de viabilizar a escrita e publicação de diversos artigos científicos e capítulos de livro.

Além disso, a bolsa da CAPES possibilitou meu envolvimento contínuo em múltiplas frentes dentro do Programa de Pós-Graduação em Educação, facilitando a minha atuação como representante discente em diversas comissões, na organização de eventos acadêmicos e na participação ativa no Grupo de Pesquisa LêTece, do qual faço parte.

Fonte: CGCOM/CAPES