Exibição de curtas-metragens e debate com o fundador marcam o evento que destaca a importância do cineclube na formação de cineastas e críticos
O Cineclube Revezes celebrou seus 25 anos de história com a retomada das sessões na quarta-feira (23), no Auditório do Bloco D da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap). O evento homenageou o fundador Alexandre Figueirôa, que deu início ao cineclube juntamente com alunos, contribuindo para a formação de cineastas, críticos e curadores na cena audiovisual pernambucana.
A programação especial contou com a exibição de três curtas-metragens dirigidos por Figueirôa: Piu Piu, Kibe Lanches e Eternamente, Elza. A sessão foi seguida de um debate com o professor e cineasta. “No Brasil houve uma movimentação cineclubista nos anos 50 e início dos anos 60, muito forte nesse espírito de o cineclube ser um espaço de exibição e de discussão, onde havia uma preparação para discutir, a partir do filme exibido. Os participantes se apropriavam da obra cinematográfica de uma forma muito potente”, comenta o cineasta.
Ele também ressalta que a ideia de fundar o Revezes surgiu em um período de intensa movimentação no cinema pernambucano, no final da década de 1990, quando “os alunos estavam motivados com essa movimentação” e sugeriram a criação do cineclube. “Eu viabilizei, conquistamos espaço na universidade com apoio do curso de jornalismo, e toda a movimentação começou daí”, disse.
Sobre a contribuição do Cineclube Revezes para o panorama audiovisual, Figueirôa ressalta: “Todos os alunos que participaram ativamente enfrentaram, de alguma forma, o jornalismo cultural, a crítica cinematográfica e a realização de filmes. Eu acho que o Revezes foi uma semente, um dos motivadores desse movimento. Muitas pessoas passaram a conhecer filmes e desenvolver um olhar mais apurado sobre a linguagem cinematográfica. Acredito que o debate pode ser sobre o filme, mas também sobre o cineclubismo”.
Marcelo Pedroso, diretor, pesquisador e educador em audiovisual na Unicap, também comenta sobre a importância do cineclube na formação de um olhar crítico sobre o cinema. “Os cineclubes são, historicamente, espaços voltados para a reflexão, uma vivência do cinema onde a perspectiva do pensamento a respeito dos filmes é aprofundada”, afirma. Ele salienta que, apesar da hiperdisponibilidade de obras no cenário atual, “o cineclube oferece um norte, uma curadoria, uma seleção de materiais que permite às pessoas se relacionarem com os filmes”.
Atualmente, o cineclube está sendo retomado com alunos do curso de fotografia, dentro da disciplina chamada História Estética do Audiovisual. “Estamos fazendo um painel geral de diversos movimentos históricos do cinema ocorridos em diferentes lugares do mundo, inclusive no Brasil. A abordagem inclui cinemas africanos, europeus e asiáticos, identificando a historicização desses filmes”, destaca Marcelo.
“Alexandre é um educador que catalisa o aprendizado, a pedagogia e as experiências. É também um grande pesquisador do audiovisual. Essa homenagem é um gesto humilde de reconhecimento da grandeza do que ele tem feito pelo nosso audiovisual”, complementa.
Fonte e fotos: Revista O Grito