O Ministério da Educação anunciou parceria com a Faculdade Zumbi dos Palmares (Fazp), uma novidade que vai auxiliar muitos estudantes negros a entrarem no mercado de trabalho: uma plataforma virtual na qual os alunos cotistas poderão se inscrever e enviar os currículos para se candidatar a cursos, vagas de estágio e emprego que as empresas vão oferecer por meio da ferramenta. “Lá, nós temos jovens formados pelo ProUni [Programa Universidade Para Todos], inclusive muitos com pós-graduação”, destacou o ministro da Educação, Rossieli Soares. “São talentos que estão à disposição de todos os parceiros para virem buscá-los e serem contratados efetivamente.”
A apresentação ocorreu durante um evento promovido pela Fazp no Memorial da América Latina, em São Paulo, no decorrer da cerimônia intitulada “Reflexão – 130 Anos da Abolição da Escravatura”, que celebrou o fim da escravidão, extinta oficialmente no Brasil há 130 anos por meio da Lei Áurea. A nova ferramenta já se encontra em operação e, no momento, conta com 1.925 currículos cadastrados. Os estudantes interessados em disponibilizar suas informações e conferir as áreas em que desejam trabalhar ou estagiar, bem como as vagas disponíveis pelas empresas parceiras, podem acessar a página da Faculdade Zumbi dos Palmares.
O reitor da instituição, José Vicente, destacou que a parceria com o MEC será importante para diversificar o banco de talentos da Fazp. “É um passo importantíssimo, pois essa plataforma, além de recepcionar currículos, está pronta para fazer as qualificações tanto para os concursos públicos quanto para carreiras jurídicas, língua inglesa, habilidades socioemocionais e educação financeira. Teremos capacidade de qualificar esses jovens para um segmento ou um grupo de parceiros para ingressar no mercado de trabalho”, comemorou.
Aumento – No evento, Rossieli Soares defendeu uma maior participação de estudantes negros e indígenas nas universidades brasileiras. Lembrou que, embora avanços já tenham sido obtidos, ainda há desafios a serem enfrentados na promoção da igualdade em todo o Brasil. “Eu sou muito defensor da inclusão”, pontuou. “É importante que ela não ocorra simplesmente para colocar dentro da universidade ou dentro da escola pública, mas que ocorra verdadeiramente. Então, temos muito ainda a alcançar.”
O ministro também destacou as ações que o MEC tem desenvolvido, por meio da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi), para a promoção do acesso e da permanência de negros e indígenas nas universidades. Citou, como exemplos, o fomento à criação e à execução de cursos nas instituições de ensino superior, além da realização de pesquisas e a publicação de livros e outros materiais didáticos e pedagógicos sobre a temática da diversidade étnico-racial.
“Esses programas e ações têm provocado o aumento das presenças negra e indígena na educação superior, contribuindo para a sua expansão, ação proposta no PNE [Plano Nacional de Educação] referente ao período de 2014 a 2024; e para a redução das desigualdades socioeconômicas, ainda associadas aos negros no Brasil”, avaliou Rossieli.”Essa maior presença de coletivos sociais e indivíduos historicamente excluídos dos espaços formais de educação e, principalmente, das universidades, tem ajudado a construir novas narrativas de autoria e protagonismo na sociedade brasileira”.
O ministro ressaltou, ainda, que não se pode deixar de reconhecer os avanços em ações, como a ampliação de vagas públicas, a criação de novas universidades, a interiorização das instituições de ensino superior públicas, o fortalecimento da rede federal de educação tecnológica, a implementação de novas políticas de financiamento estudantil, o estímulo à modalidade de ensino à distância, o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), o ProUni, a Lei de Cotas, o Programa Bolsa Permanência e o Programa de Apoio à Formação Superior e Licenciaturas Indígenas. “Nesse futuro que estamos construindo hoje, as heranças da escravidão devem ser deixadas no passado, buscando construir um país menos desigual e socialmente mais justo”, reforçou.
A diretora de Políticas de Educação do Campo, Indígena e para as Relações Étnico-raciais do MEC, Rita Potiguara, explicou que o sistema de cotas tem apresentado resultados positivos, mas lembrou que é preciso identificar em que condições esses cotistas se formam. Ela citou algumas iniciativas que serão desenvolvidas pela Fazp com apoio do MEC. “Uma delas é uma pesquisa desenvolvida por um grupo de universidades a respeito da trajetória de estudantes cotistas nas universidades”, apontou. “Dizem que eles são os que mais abandonam os cursos e os que mais são reprovados. As pesquisas têm demonstrado que não. Além disso, a gente quer identificar se esses cotistas estudam e trabalham, quais as condições de permanência que eles têm na universidade para se manterem e se conseguem entrar no mercado de trabalho quando se formam.”
Prêmio – O evento, que contou com a presença de docentes, alunos e membros da reitoria da faculdade, representantes da causa negra no Brasil, empresários, executivos e políticos, também premiou pessoas que têm contribuído com os valores de respeito à diferença, tolerância e igualdade de oportunidades, colaborando para a elevação moral, social e inserção socioeconômica, cultural e educacional dos negros brasileiros. O ministro Rossieli Soares foi um dos agraciados com a medalha do Mérito Cívico Afro-brasileiro.
Fonte: Assessoria de Comunicação do MEC
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