Universidade Federal do Oeste do Pará, vinculada ao MEC, teve aulas inaugurais marcadas por inclusão. Expansão da Ufopa reforça interiorização do ensino superior e valorização dos saberes amazônicos
Dois momentos históricos marcaram a semana acadêmica da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), vinculada ao Ministério da Educação (MEC): as aulas inaugurais dos cursos de Medicina e de Licenciatura Intercultural Indígena. Os eventos, realizados nos dias 3 e 4 de abril, mostram o compromisso da educação federal com o fortalecimento da saúde pública e com a valorização da diversidade cultural e dos saberes tradicionais da Amazônia.
No dia 3, a Licenciatura Intercultural Indígena, vinculada ao Instituto de Formação Interdisciplinar e Intercultural, iniciou suas atividades com a recepção aos calouros da Formação Acadêmica Indígena (Fain) 2025 e com a conferência “Avanços e Desafios da Educação Indígena na Amazônia”, ministrada por Rosilene Tuxá, diretora de Políticas de Educação Escolar Indígena do MEC e docente da Universidade Federal do Amapá (Unifap). A professora destacou o ineditismo da presença de três docentes indígenas no quadro permanente do curso e celebrou o protagonismo da Ufopa na formação de educadores indígenas na região.
“A universidade tem agora essa missão de aprender com o conhecimento que os estudantes indígenas trazem consigo e de lapidar esse saber em ciência e insumos transformadores para a sociedade”, afirmou a reitora da Ufopa, Aldenize Xavier. O evento também contou com apresentação cultural do grupo Encantos do Tapajós e com a assinatura de acordos de cooperação com a Funai e o MEC, por meio do Programa de Apoio à Formação Superior e Licenciaturas Indígenas (Prolind).
Já no dia 4, a primeira turma do curso de Medicina teve início. A aula magna contou com a presença dos médicos Salomão Georges Kahwage Neto, da Universidade do Estado do Pará (Uepa), e Plínio José Cavalcante Monteiro, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), que abordaram, respectivamente, a história da medicina e a interiorização do ensino médico na Amazônia. Monteiro, que também é membro da Comissão de Acompanhamento e Monitoramento de Escolas Médicas (Camem) do MEC, destacou o papel estratégico da interiorização na superação das desigualdades regionais em saúde.
“Levar a formação de médicos para cidades fora dos grandes centros é essencial para fortalecer os serviços de saúde em regiões historicamente desassistidas”, enfatizou.
Com 40 vagas ofertadas para 2025, o curso de Medicina está vinculado ao Instituto de Saúde Coletiva da Ufopa e adota metodologias ativas de ensino, priorizando a inserção precoce dos estudantes em unidades básicas de saúde. O barco Abaré, que realiza atendimento ribeirinho, deverá ser um dos cenários de prática para os futuros médicos, junto à perspectiva de criação de um hospital universitário.
Para o secretário de Educação Superior do MEC, Marcus Vinícius David, o início dessas primeiras turmas reforça o compromisso da pasta com a expansão da educação superior. “Essa ampliação da oferta de cursos das universidades federais considera as peculiaridades, as necessidades e as potencialidades regionais. Reforça, também, a missão da Ufopa, primeira universidade federal no interior da Amazônia, como elemento fundamental para o desenvolvimento sustentável da região e das pessoas que nela vivem. É a efetivação de direitos a partir da educação pública e socialmente referenciada”, afirma.