Biomédica desenvolve sensores para detectar doenças

Ana Flávia Oliveira Notário trabalha em sistema que alia microchips e smartphones para diagnosticar hanseníase, tuberculose e infarto

A biomédica Ana Flávia Oliveira Notário construiu sua carreira acadêmica, da graduação ao pós-doutorado, na Universidade Federal de Uberlândia (UFU).  Foi bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) em Biologia Celular e Estrutural, no mestrado, e em Genética e Bioquímica, no doutorado. Nessa última etapa, começou a desenvolver sensores para detecção de doenças.

Fale um pouco de sua formação.
Eu vim para Uberlândia para cursar a educação superior. Cheguei em 2009 e, em 2013, me formei em Biomedicina. Dois anos depois, recebi o título de mestre em Biologia Celular e Estrutural Aplicadas. Minha dissertação foi em uma linha diferente da minha pesquisa atual, com o objetivo de investigar as mudanças causadas pela infecção do Trypanosoma cruzi (protozoário que causa a Doença de Chagas) ao sistema imune, na progressão da gestação. Recebi bolsa da CAPES no mestrado.

Comecei a focar nos nanomateriais para detecção de doenças durante o doutorado, também financiado pela CAPES. A minha tese foi voltada para o diagnóstico de infarto agudo do miocárdio. Continuo as pesquisas nessa linha, com outras doenças, como hanseníase e tuberculose. E, desde 2015, faço uma segunda graduação, em Engenharia Biomédica. Todas as etapas foram e continuam a ser na UFU.

Explique o trabalho com os sensores.
Integro uma equipe que desenvolve testes rápidos baseados em sensores eletroquímicos. Nanomateriais em microchips específicos são colocados em uma plataforma comum, com apoio de biossensores, e se comunicam via Bluetooth smartphones. Em questão de segundos, o diagnóstico, positivo ou negativo, sai na tela do celular.

Cada chip é para uma doença específica, mas estão todos baseados na mesma técnica, têm como base o mesmo princípio de funcionamento, com adaptações e particularidades que cabem para cada condição clínica, a depender da amostra que é utilizada, da condição do paciente que se espera e do próprio estágio de clínica em que esses testes serão utilizados.

A primeira pesquisa foi de infarto agudo do miocárdio. Também estão em fases avançadas os estudos com hanseníase e tuberculose. Também estamos desenvolvendo um protótipo para COVID-19.

Como é sua função no projeto?
A minha formação é dupla. Eu sou biomédica, mas estou terminando uma graduação em Engenharia Biomédica. A minha função no projeto é fazer essa ligação entre as duas áreas, porque a gente precisa que as pessoas que são da área da saúde, que entendem das biomoléculas da doença, conversem com o pessoal da engenharia e de materiais, que é quem está desenvolvendo o dispositivo, o software, os chips que nós usamos.

Ajudo tanto na parte da padronização, de caracterização dos chips, como se fosse a personalização para cada doença. O chip é específico para cada doença, portanto fazemos um estudo de interface, estudamos a superfície, e aprisionamos no chip a biomolécula de interesse. Toda essa parte é fundamental no projeto. Só que, para isso, a gente precisa ter conhecimento tanto das biomoléculas e da doença que está sendo estudada, quanto do material que é feito para utilização do chip.

Qual a importância da sua pesquisa para a sociedade?
O intuito desse projeto é levar para a comunidade sensores, testes-diagnóstico, que sejam mais práticos, mais rápidos e com custo mais baixo do que os disponíveis no mercado. Queremos que o produto seja completamente nacional.

Qual é a importância da CAPES na sua trajetória?
Fui bolsista da CAPES no mestrado e no doutorado, logo no início da pesquisa com biossensores. A fonte de renda possibilitou dedicação exclusiva às atividades dos projetos que desenvolvi ao longo desses sete anos.

A CAPES é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CCS/CAPES)

Foto: CAPES

Fonte: CAPES