Mantendo seu histórico de temas sociais, a redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em 2015 cobrou de milhões de candidatos que refletissem neste domingo sobre “A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”. Mais do que isso: pediu que, além de uma análise sobre o problema, os estudantes contribuíssem com uma proposta de intervenção, pensando em uma possível solução.
A proposta, ainda que não cause surpresa em um exame marcado pela questão social em diversas esferas, foi bem recebida por professores e entidades ligadas à luta pela igualdade de gênero. No primeiro dia de provas, outra pergunta relacionada foi cobrada dos estudantes em uma questão de Ciências Humanas: o feminismo, apresentado na forma de uma citação da filósofa e escritora francesa Simone de Beauvoir.
“Esse assunto vem ao encontro das questões ligadas à cidadania que o Enem sempre traz. Estava mesmo faltando falar da mulher: em um momento em que se trata tanto da igualdade de gênero, é importante o candidato pensar em uma das maiores manifestações da desigualdade, que é justamente a violência”, avalia a professora de Linguagens do Universitário Maria Tereza Faria.
Para a pesquisadora do Grupo de Estudos de Educação e Relações de Gênero da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Jane Felipe, os estudantes devem estar atentos ao fato de que a violência contra a mulher não envolve apenas agressões físicas.
“Muitos não se dão conta de que há comportamentos violentos, abusivos, que não envolvem a violência física. Acho fundamental que essa questão seja discutida em todas as instâncias, inclusive entre os alunos do Ensino Médio”, explica a professora.
O projeto Empoderamento da Mulher, com sede em Porto Alegre, também exaltou a proposta, lembrando a questão de sábado que cobrou dos alunos conhecimento sobre os protestos para garantir a igualdade de gênero.
“Não tem jeito melhor de acabar esse fim de semana do que ver que em um ano de tantos retrocessos (especialmente na educação), o Ministério da Educação ainda mostra que temos que persistir. Depois de citar Simone de Beauvoir na primeira questão da prova, vem essa surpresa maravilhosa em forma de tema de redação”, afirmou o grupo em sua página no Facebook.
Como o Enem exige uma proposta de intervenção entre as competências da redação, os candidatos também foram instigados a pensar em uma solução para o problema. Para Jane Felipe, isso passa, em primeiro lugar, pela família, que deve ser exemplo de respeito aos direitos humanos. A escola, segundo ela, também tem participação: é o espaço em que se deve lutar, desde a infância, contra o preconceito e a desigualdade.
Combate à violência doméstica
O CRUB participa da Campanha Nacional Justiça pela Paz em Casa que conta com a participação de todos os Tribunais de Justiça do país. O Conselho de Reitores assinou em julho deste ano um Protocolo de Compromisso com a Campanha, esse compromisso público se deu pela a convocação cívica da Ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), em vista à superação da violência contra a mulher.
O objetivo deste acordo é avançar no compromisso social das Universidades brasileiras, inserindo cada vez mais as Instituições de Educação Superior no trabalho pelas causas sociais. Este primeiro protocolo é um marco entre as Instituições de Educação Superior e com os Tribunais de Justiça dos Estados.
Saiba aqui como sua IES pode contribuir para essa causa.
Fonte: Jornal Zero Hora – Caderno de Educação
Comunicação CRUB
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