Unicap recebe ministra do TSE em seminário sobre mulheres negras na política

A ministra do Tribunal Superior Eleitoral, Edilene Lôbo, participou do Seminário Mulheres Negras na Política: Desafios para a efetivação de Ações Afirmativas. O evento aconteceu na noite desta segunda-feira (25), no auditório Dom Helder Camara, como parte da programação do mês de luta e celebrações de conquistas das mulheres.

O seminário realizado pela Rede de Mulheres Negras de Pernambuco, Rede de Mulheres Negras do Nordeste, Articulação de Mulheres Negras Brasileiras, Odara, Instituto Alziras, Mulheres Negras Decidem, Instituto Marielle Franco, Casa da Mulher do Nordeste, Cedenpa, Imena e Rede Fulanas contou com o apoio do Instituto Humanitas Unicap e do Núcleo Unicap de Estudos Afrobrasileiros e Indígenas (Neabi).

Primeira mulher negra empossada ministra do TSE, a mineira Edilene Lôbo atua como professora convidada da Universidade de Sorbonne (França), onde leciona sobre democracia, direitos políticos, eleições e milícias digitais na América Latina.

A fala da ministra girou em torno das suas pesquisas e estudos desenvolvidos por ela sobre o tema e que estão no livro Direitos Fundamentais e Inteligência Artificial, escrito em coautoria com Núbia Franco de Oliveira.  “Nós não estamos mais assistindo à revolução tecnológica, nós somos a experiência da revolução tecnológica e daí a necessidade de enfrentarmos o machismo e o racismo algorítmicos”.

Edilene lançou reflexões sobre o direito estabelecido pela Constituição de 1988 de que homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, “mas quando nós olhamos o mundo da política, por exemplo, nós não vemos essa igualdade estampada na ocupação das cadeiras no ambiente da política”.

Uma conjuntura que se mostra também no ambiente corporativo. Dados do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) apresentados por Edilene mostram que apenas 2,1% de mulheres negras ocupam cargos de direção e gerência nas empresas.

A magistrada defendeu a importância da política afirmativa de cotas. “Nós não queremos esmolas, queremos boas oportunidades. As cotas nas universidades revelaram uma ação afirmativa importante, mas é preciso garantir ocupação no mundo corporativo dessas meninas e meninos que estão na universidade se preparando”.

Para Edilene, o “projeto de nação passa, obrigatoriamente, por paridade de gênero e equidade racial. É impossível passar essa marcha à frente sem resolver esse problema. Esse projeto tem de ser um compromisso de todas as pessoas de boa vontade. Não se trata de contrapor homens e mulheres, mas de caminharmos juntos”, concluiu.

O evento – a mesa de honra dos trabalhos contou com as participações de Tainá Pereira (Movimento Mulheres Negras Decidem); Joyce Souza (Instituto Odara); Rosa Marques (Rede de Mulheres Negras de Pernambuco); e a Carla Teixeira (Neabi Unicap). Houve ainda interveção artística de Cris Nascimento (ativista e integrante da Rede de Mulheres Negras de Pernambuco).

Fonte: Unicap